sábado, 4 de junho de 2011

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USINAS HIDRELÉTRICAS E MUDANÇAS SOCIO-AMBIENTAIS


Tania Ross



Resumo: Durante muito tempo a energia hidrelétrica foi considerada uma fonte limpa de energia. Porém ela acarreta uma série de consequências, em função do alagamento de grandes áres. No município de Abdon Batista localizado no planalto sul Catarinense, a situação não é diferente. Afetado pela construção da Usina Hidrelétrica Campos Novos, o município enfrenta as consequências socio-ambientais trazidas pela obra.


1-INTRODUÇÃO

Construir uma barragem pode implicar em remover cidades inteiras, desalojar pessoas, capturar animais, acabar com florestas e sítios históricos que ficam submersos. Após os impáctos iniciais, a energia seria limpa, mas a decomposição da biomassa emite gás metano e polui a água com o excesso de matéria orgânica.
Além disso, a construção de uma barragem é mais cara que algumas energias e muito demorada. Muitas veses o curso natural dos rios é alterado em função das áreas a serem alagadas, causando interferências nos ciclos naturais de reprodução e dispersão de peixes e outros animais aquáticos.
O clima da região frequentemente é alterado. Em regiões onde era frequente a incidência de geadas durante o inverno, devido ao aumento da umidade do ar, esse fenômeno passa a não mais ocorrer, acarretando sérios problemas na produção de algumas culturas como a uva, por exemplo.
            Para as videiras, o frio do inverno acompanhado de geadas é importante para a quebra da dormência das gemas, no sentido de assegurar uma brotação adquada para a videira. São necessárias, em média, 100hs de frio abaixo de 2o para que ocorra uma  boa quebra da dormência da planta, garantindo uma boa produtividade.
Quando não ocorre essa incidência de frio acompanhado de geadas, ocorre menor índice de quebra da dormência das gemas das videiras, diminuindo a produção. O mesmo acontece com a produção de maçã e pêssego.
O grande problema trazido pela construção de uma usina hidrelétrica são os impáctos ambientais que muitas vezes alteram não só o ambiente, mas também sua economia
1-Tania Ross : Graduada em Licenciatura em Pedagogia e  Licenciatura em Química, Especialista em Educação Inclusiva e Alfabetização Matemática.

2-METODOLOGIAS


Atualmente a construção da Usina Hidrelétrica Campos Novos vem acarretando mudanças significativas no município de Abdon Batista, diante disso, desenvolvemos uma metodologia investigativa baseada em pesquisas e observações visando investigar as alterações socio-ambientais, bem como, suas consequências.
Com 206m de altura, a usina é a segunda maior do mundo e um dos melhores investimentos de Santa Catarina. Inundando uma área de 26Km2 garantirá a geração de 880MW de energia, suficiente par abastecer  um terço da demanda energética do estado.


Os benefícios trazidos ao município pela obra são indiscutíveis em termos de desenvolvimento econômico. Depois de começar a gerar energia, a usina vai pagar ao município 7,2 milhões de reais de compensação financeira pelo uso dos recursos hídricos, dos quais 3,2 milhões serão diretamente recebidos pelos três municípios atingidos, entre ele Abdon Batista.
Porém o grande problema, rezide nas alterações ambientais enfrentadas no município em virtude do alagamento de suas terras.





3-RESULTADOS E DISCUSSÕES



De  economia essencialmente agrícola, com cerca de 3000 habitantes, o município sofre com  as alterações ambientais. O clima da região já oferece mudanças sentidas quando se observa que, devido a formação do lago, ocorre um aumento na umidade do ar, impedindo a formação de geadas. A ausência de geadas,  diminui a quebra da dormência da gema das videiras, dificultando sua brotação e diminuindo a produção de vinho na região.
Observando a produção de vinho de 30 produtores artesanais do município nos últimos cinco anos, isso se torna evidente.
ANO

PRODUÇÃO DE VINHO ( L)
2001
38000
2002
40000
2003
45000
2004
50000
2005
40000

As previsões para a safra 2005/2006, mesmo com um considerável aumento na área produtiva, é de se manter os 40000 litros produzidos em 2005.
O mesmo fenômeno é observado na produção de pêssego e maçã, a falta de geadas na região compromete sua produtividade, já alterando a economia do município.
Os impáctos ambientais não param por ai, com a fermentação das áreas inundadas, a oxigenação da água fica insuficiente, logo pode-se observar ao longo do lago, a movimentação dos peixes, que mais próximos da superfície, sofrem com a pesca predatória e com o desiquilíbrio causado no seu ciclo de reprodução ocasionado pelo desvio do curso do rio.
A qualidade da água do rio também foi alterada, devido a decomposição da biomassa, observada pela cor de aspécto amarelado, mau cheiro e aspécto de devastação jamais presenciado no local. Sítios arqueológicos foram submersos, a história dos antepassados destruida em pról do progresso.


4-CONCLUSÃO


Grandes foram os progressos trazidos para o município de Abdon Batista, porém, gigantescas e irreparáveis foram as perdas culturais, ambiantais, históricas e sociais. A cultura da uva para a produção artesanal de vinho, parte da identidade cultural do município, herança das primeiras famílias de italianos e conservadas até hoje, com a ausência das geadas, essa tradição fica ameaçada.
Nenhuma indenização por maior que seja, cobre a perda da cultura e da história de um povo, muito menos devolve o antigo ambiente, a natureza intácta de muitas áreas, a tranquilidade dos animais em seu habitat natural.


5-BIBLIOGRAFIA


AZZOLINI, José Carlos- Conseitos Básicos de Poluição das Águas: Dissertação de mestrado- UFSC/2003.
CAUBET, Chistian­- O Planeta Água: 1a ed. Santa Catarina, 1984 pg 12.
FALKENMARK, Malin- Terra, Patrimônio Comum: São Paulo: Nobel, 1992 pg. 75.
MAGOSSI, R. & BOCANIELLA, P. H.-Poluição das Águas: 4a ed. São Paulo: Moderna, 1999, pg. 20.
Páginas da Internet: www.uniagua.com.br

           
             
           

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